Mostrando postagens com marcador coisas de España. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador coisas de España. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Espanha em duas contradições

Hoje entrou em vigor a tal "ley mordaza". Formalmente são modificações a já existente “ley de seguridad cuidadana”, uma roupa nova e mais dura as formas das manifestações publicas por exemplo. Agora a “resistência pacifica” pode ter pena de multa. Ficar sentado e em silencio pode render em multa caso a pessoa se negue a “dissolver reuniões y manifestações em lugares públicos” ordenados pela “autoridade competente”. Existem várias classes de multas, entre 100 a 600 mil euros.

Para quem pensa que “ok, menos baderneiros e Black Bloc”, vou para o exemplo do Greenpeace. Afinal, todos somos verdes e amamos as baleias, né? Ontem eles coloraram uma bandeira enorme em um guindaste perto do Congresso dos Deputados em Madrid. 
O Protesto é um direito.

Protesto pacífico e efetivo como eles sabem fazer. Pois se fosse hoje o Greenpeace estaria agindo contra a lei. Total restrição de liberdades!

Por outro lado, também essa semana, Madrid esta toda colorida para celebrar o Orgullo2015 e os 10 anos de matrimonio igualitário. Espanha é um pai pioneiro em garantia das igualdades jurídicas. Até os órgãos estatais se somam nas comemorações da liberdade do amor! 
Yes, Obama, os espanhóis têm direitos iguais quanto a casamento faz 10 anos!
 
Ayuntamiento de Hortaleza (meu bairro).

Então é isso que temos para hoje: casar pode, protestar não!

terça-feira, 30 de junho de 2015

Café com gelo, topa?


O verão chegou e com ele um hábito que os meus madrilenos juram que é refrescante: café com gelo! 

Funciona assim: ao lado do seu café perto normal de todos os dias vem um copo um pouco maior com cubos de gelo. Você adoça ou não o café preto, mexe bem e verte tudo no ou copo. Voilá!! Uma típica maneira de encerrar um almoço ou ideal para a metade da tarde.

Eles juram que é uma delicia! Eu não provei e ainda faço careta quando vejo.



E ai, topa??

domingo, 1 de março de 2015

Ir ao cinema

Paco e eu estamos tentando recuperar o habito de ir ao cinema.
Gostamos muito de ver filmes e gostamos muito da combinação que temos em casa: televisão mega grande, sofá confortável e geladeira para atacar. Por mais que estamos cômodos e de pijamas em casa mas nada supera a emoção ir ao cinema, aquela mágica sala escura.

Mas tenho que confessar que me dá um pouco de preguiça ir ao “cine” aqui porque não é fácil ver filmes em “version original subtitulada”. Muitos filmes são dublados, que significa que todo o som original foi alterado para que os diálogos possam ser ouvidos em espanhol. 


Por um lado (e para mim), isso muda muito a forma de receber e perceber o filme. Gosto de ver filme japonês em japonês mesmo sem entender nada da língua. Por outro lado, os espanhóis têm esse traço cultural de traduzir tudo e todos, sempre. Eles protegem o idioma, acho bacana. Também é mais democrático e acessível ter o som dublado ao idioma do país. 

Lógico que em uma grande cidade como Madrid é possível achar salas de projeção com a programação em som original, achar aquele festival de filmes gregos, além de curtir a mostra brasileira todo ano. E ir ao Cine Doré, também sede da Filmoteca Española, é uma experiência sensacional. 

Mas moro em um bairro residencial a 40 minutos do centro em transporte público. Aqui perto tem apenas cinema no shopping. É o que temos para um programinha no meio da semana e para a última sessão sem ter que fazer grandes planos logísticos. Aquela coisa: “vamos no cinema aproveitando que é o dia do espectador e temos desconto?” significa ver qualquer um dublado em espanhol. Também significa caminhar 10 minutos até o shopping, chegar 5 minutos antes do começo e não preocupar se com o horário do metro na voltar para casa. É bom também!

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Portuñol e Portunhol


Eu falo em português com o Paco. Algumas palavras e expressões são do espanhol, como os dias da semana. Desisti de falar 2af, 3af, 4af, etc.. Paco acha que 2af é “martes”, dá a maior confusão. Como bem disse uma amiga, citando Neruda:

“Prestes me invito a almozar para um dia de la semana seguiente. Entonces me sucedió una de esas catástrofes sólo atribuible al destino o a mi irresponsabilidad. Sucede que el idioma portugués, no obstante tener su sábado y domingo, no señala los demás días de la semana como lunes, martes miércoles, etc, sino como endiabladas denominaciones segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, saltando-se la primera para complemento .Yo me enredo enteramente en esas feiras, sin saber de que día se trata. (…) La quarta-feira me enteré de que Prestes me esperó la terça-feira inútilmente con la mesa puesta mientras que yo pasaba las horas en la playa de Ipanema. (…) Cada vez que me acuerdo de esta historia, me quisiera morir de vergüenza. Todo lo he podido aprender en mi vida, menos los nombres de los días de la semana en portugués.” Pablo Neruda- Confieso que he vivido


Eu imaginava que, aos poucos e com os anos, o espanhol predominasse e que o português ficaria em segundo plano. Porém acho que não será dessa forma.

Assim que comecei minha aventura deste lado do Atlântico, sabia que falaria portuñol, com sotaque do interior de São Paulo. Tive muita dificuldade em começar a usar o pronome de tratamento pessoal “Tú”. Para mim, "tú" sempre foi coisa de menino de rio, de carioca e santista. Como paulista sempre falei “cê”. Quando me forcei a falar "tu", parecia que outra pessoa falando, achava falso. Ter que renunciar ao “você”, “ocê”, “cê” falado foi duro, foi como deixar minha identidade de caipira um pouco de lado.



O que eu não podia sonhar é com o Paco introduzindo palavras de português no nosso vocabulário caseiro. Comigo, ele fala portuñol e, assim, temos uma língua própria. Fofo! Legal é ver a cara das pessoas no metro, ver as senhoras sem entender o que aquele espanholito fala com a gringa. 

Ele aprendeu português super rápido no Brasil. No final da nossa viagem de férias ele estava com um português bem bacana, com conjugações verbais aproximadas: “Eu he falado para você”. “Te falei, Paco!”. “Eu fize o almoço”. “No es yo hice comida. É eu fiz”. Eu fiquei super orgulhosa, achando lindo! 

Do verão, há duas conversas engraçadíssimas:

Ainda no carro indo para praia, eu estava de nhén-nhén, pentelhando o Paco e ele me responde em bom português: “Nem fudendo!”, com sotaque em espanhol. Eu exclamei: “putz ... não sabia que eu falava tanto isso!” É, falo, sempre que eu não quero fazer alguma coisa de forma nenhuma. Meu jeito de dizer que “não, não e não” e foi  como Paco reproduziu. Vai dizer, sou uma ótima profa?!

Dias depois, apareceu uma espinha enorme no meu rosto, tipo Everest no dia que entrar em erupção antes do apocalipse. Paco olhou bem e sorriu: “Que gosma!”, sem mais. Eu sabia que eu falava “meleca” mas “gosma” eu não lembrava não!

O Paco gosta também de reproduzir todos os “inhos” e “inhas” que eu falo. Bonitinho, né? Mas ele sempre esquece o que é soneca e cafuné. 



quarta-feira, 31 de julho de 2013

Alimentação natural em lata


Foto

Eu parei de beber refrigerante desde que voltei das férias no Brasil.
Achei que ia ser mais complicado porque por aqui a oferta de sumo natural feito na hora nos bares e restaurante é quase zero. Tem suco de laranja na cafeteria da universidade, custa 1,50 euros, um luxo! Toma-se no café da manhã, como um complemento. Com a comida não! Tenho uma ótima desculpa para tomar mais vinho – ô vida boa!!

Não beber, não comprar, não pedir em bar e restaurante até que é fácil. Difícil é recusar na casa dos outros, nas festas de amigos.
 Eles falam: “você não vai tomar nada??” Respondo: “tomo sim: ÁGUA!” Minha sogra sempre quer me dar “Aquarius”, sempre tenho que dizer que não gosto e que isso não é saudável como ela acredita. Li, para ela, várias vezes o rotulo dos ingredientes e friso a quantidade de sal que tem, além do já sabido de açúcar. Ela que não se dá para vencida, retruca; “foi a médica que receitou ao meu marido” – tomei cheque mate da autoridade suprema neste mundo!

E a cara de ponto de interrogação que o povo faz quando você diz que não tem refrigerante em casa. Se a visita quiser tem água e suco - passei por isso no domingo: ela acabou bebendo cerveja! 

Também parei com o "ice tea", o "nestea" que tem muito açúcar - eca!!! Para a minha perplexidade total, existe “refresco sin burbujas” que os pais dão as crianças. Fique bege desbotada quando vi pela primeira vez!!




Agora quero cortar as farinhas brancas do tipo refinadas. 

Os pães integrais vendidos nos supermercados tem farinha branca (de trigo) refinada na composição. Eu não acho o pão que quero. Como temos máquina de pão em casa, pensei que posso tentar fazer uma vez para ver se gosto de brincar de ser padeira. 

Fui à loja de produtos artesanais ao lado de casa e para minha surpresa era tudo em lata, os pães eram torrados e tem uma enorme seleção de embutidos do campo!! Acho que o mais “natural” que tinha era o ovo caipira. Não tinha nada do tipo DIY – Do It Yourself. 

Eu queria saber se tinha “farinha de amêndoas” que li que era ótima para fazer bolos e tem as boas propriedades dos óleos. Super simpática, a dona da loja me disse que não conhecia e que nem ia procurar agora porque fecha em agosto para férias. E que esta coisas assim em grãos e muito vegetarianas não eram muito comuns em Madrid!

oi??
Vou levar a moça para dar uma volta pelo bairro de Lavapies.
Como é difícil querer ter o controle do que se come!!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Educação sexual para decidir, contraceptivos para não abortar, aborto livre e seguro para não morrer!

Em linhas gerais, o aborto na Espanha é/era por livre escolha da mulher, tratado pela via da saúde pública. Esse artigo de janeiro de 2012, faz um resumão: o que está/estava em vigor é a “Ley de Salud Sexual y Reproductiva de2010”.
Agora o que o ministro da Justiça quer reformar a atual lei de prazos – que permite abortar livremente até a 14 semana de gestação - para um “sistema de supuestos” em que as mulheres terão que alegar os motivos para a sua decisão. Se o motivo não está entre os critérios de despenalização é crime, ou seja, o aborto passa a ser um problema de justiça.
A nova lei se inspirará na “defesa do direito a vida” tal e como definiu a Constituição de 1985. Segundo o ministro o que se pretende é desfazer uma desigualdade que “desprotege os direitos do no nascido”, é equiparar os direitos do “no nascido” aos direitos da mulher. Para mim esse é O problemão, que é semelhante ao Estatuto no Nascituro no Brasil. 

Como por aqui a coisa também está fervendo, o que se discute agora são os critérios de despenalização que seriam dos de estupro, má formação e risco de vida para a mulher. Os mesmos de muitos países, como o Brasil. O ministro de Justiça quer impedir o aborto por má formação de feto. O que esta gerando protestos e mais protestos dos dois lados. Veja aqui o protesto do “pró-vida” comparando a que abortam a Hitler.

Eu acho que o ministro está dando uma de espertinho: ao dizer que se identifica “con que desaparezca el supuesto deaborto por malformación”, ele está mudando o centro do debate. A questão é que a reforma que ele pretende quer cercear os direitos da mulher. Outra vez: como no Brasil. Tudo isso deixa claro que qualquer retrocesso é possível e que a vigilância pela garantia de direitos não pode nunca baixar a guarda.
Torço muito para que a Espanha e o Brasil, um dia e para sempre, sejam países onde o corpo da mulher seja dela de verdade e de direito! 

Por fim, deixo a campanha do Nosotrasdecidimosque comparto totalmente:
"La Mujer decide, la sociedad respeta, el Estado garantiza, las Iglesias no intervienen".









sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Zas, en toda la boca!

Acho super válido que a língua espanhola tenha tradução para todas as palavras estrangeiras.
E que os espanhóis não tenham o hábito de falar palavras em inglês, tirando "stop" que é sinal de transito.
Entendo todo o sentido de preservação da língua como signo de identidade cultural.
Mouse do computador é ratón! Sempre!!


Acho bem mais gostoso falar wi-fi como "ui-fi" do que "uai-fai".
Tenho que pensar duas vezes quando alguém me fala "udos" para lembrar que é a banda irlandesa.
Agora ver "bazinga" traduzido como "zas, en toda la boca!" é muito estranho, demorei um tempo pra entender o que o Sheldon dizia e recorri ao google pra ter certeza.
É isso ai, ver "The Big Bang Theory" dublado em espanhol é não ouvir o "bazinga" do Sheldon. 


Bazinga = Zas, en toda la boca!



sábado, 20 de outubro de 2012

Batem na porta, outra vez

Cada vez eu acho mais surreal as pessoas que batem na porta de casa.
Agora foram as moças que são testemunhas de jeová.
Foi a terceira vez!

A primeira vez foi no começo de março. Eu estava com minhas irmãs tomando um café da manhã tardio quando ouvi a tão temida campainha.
Como sempre, abri a janela da cozinha e vi duas mulheres sorridentes.
Elas me perguntaram se eu conhecia alguém na vizinhança que falasse português. 
"Eu falo, porquê?"

Ai, o sorriso delas ficou maior ainda. 
"Nós estamos aqui para te dar uma mensagem importante" e blá, blá, blá ... 
Fiquei uns dois minutos tentando entender onde eu estava ... sério mesmo que esse papo cola aqui?!?!
Sorri mais que elas e disse que estava ocupada e que aquele não era um bom momento.

Uns meses depois, duas mulheres na porta, uma já tinha visto, a outra parecia novata mas a conversa era a mesma. 
Sorri menos e disse que, sim, eu falo português e, não, não tenho interesse nenhum aquela mensagem. Fechei persiana da janela da cozinha.

Dessa última vez, duas mulheres diferentes e a mesma história.
Agora eu já estou mais descolada nas respostas rápidas em espanhol. Rá ...
Não tão amavelmente, disse que sou ateia e que, por favor, parassem de passar em casa.
Elas: "Ah, tá ... você não acredita em Deus, ok!"
E foram embora.

Pela primeira vez, eu não vi duas  mulheres testemunhas de jeová fazendo o sinal de cruz com cara de espanto e horror por eu ser ateia. Elas aceitaram bem melhor que os religiosos com quem já topei no Brasil.

Os espanhóis respeitam mais os ateus do que os que pertencem a outras religiões. Na mesma medida que no Brasil se aceitam melhor ser/ter outras ou várias religiosidades do que não acreditam em nenhuma entidade superior.

Quer ver um espanhol fazer cara de ponto de interrogação?
Fale que você é "cristiano", mas não é católico, que é luterano, calvinista ou batista.
Eles vão ficar cinco minutos tentando lembrar que ser "cristiano" não é sinônimo de ser católico! 


Com esse post eu juro que vou tentar parar de contar histórias de quem bate na minha porta!