domingo, 29 de dezembro de 2013

Cidade grande

Eu sei que moro numa cidade grande quando são 14 horas da tarde e já sei que vou chegar atrasada ao compromisso das 16 horas. A escolha é chegar 5 ou 30 minutos mais tarde do horário combinado. 
Sendo filha de inglês e crescida no Brasil a pontualidade sempre foi uma questão dúbia: eu tento loucamente chegar na hora e tem dias que não consigo mesmo por mais que eu me esforce. 
Na Espanha, pontualidade é com 10 minutos de tolerância, depois disso é atraso. E aqui tudo funciona nos horários mais estranho para o resto do mundo. Tipo 16h é depois do almoço; é o começo da tarde, quando o resto do mundo já está pensando na “merenda”, no café da tarde. Tento me enquadrar mas tem dias que não é possível.



Na semana passada, as 14 horas, eu corri e corri para tentar não chegar atrasada na aula das 16h. Na estação de Chamartin, subi os 4 andares da plataforma a saída do metro super rápido, percorri a distância até a estação de trem como se fosse uma prova de atletismo de 200 metros com barreiras, subi as ultimas escadas com a certeza do meu atraso. Respirei fundo tentando ver onde estava meu trem quando vi uma “compi”* de aula super tranquila e sorridente. Ao me aproximei, ela me disse: “Tranquila, que chegamos”. 

Em uma mesma cidade mora a loucura e a calma. 



*compi de “compañera” = colegas de classe.