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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Alho, sal e outras coisinhas



* Alho e Sal: Espanhóis estão para alho assim como brasileiros para o sal. Amo alho e que a comida não venha com tanto sal.


Outro dia, perguntei a uma amiga estadunidense se, para ela, gazpacho tinha muito gosto de alho. Animadamente, ela: “sim, sim claro, tem muito alho. Eu adoro!” “Paco, para você, gazpacho vem com muito alho?”, perguntei. Ele: “depende, acho que não muito”. Os dois gostam muito de alho e tem percepções bem diferentes. 

* Pasta: fuja. Apenas fuja da opção “pasta” se um restaurante espanhol tiver no “menu del dia”. Espanhóis não sabem fazer pasta. É mais fácil aceitar o fato e escolher outra coisa. Eu vou de arroz. 

* Muitas vezes, o café da manhã e o lanche da tarde quase sempre tem doce. Nada de cafezin com um paozin de queijo. Nada de pão na chapa com manteiga com um pingado em copo grande. Aqui, eles vão de churros com chocolate que não tem recheio e, para mim, não tem graça. 
Quando eu posso, e quero um doce muito doce, eu troco por uma palmeira de chocolate. 




* Adoro entrar em (quase) qualquer bar e pedir uma “caña” em quase qualquer horário sozinha! Simples assim: uma “caña”, uma “tapa” e eu. 
Naqueles dias que vou ao centro de Madrid sozinha, tenho o meu bar estilo boteco para a cervejinha refrescante antes de pegar o metro de volta. Fica escondido na “calle de los Madrozo” perto do metro Banco de Espanha. O jamón deles é uma delicia! 



* Por que tomar café depois do jantar? Eu prefiro tomar um “meta poleo”, que nada mais é que um chá de hortelã.


terça-feira, 3 de novembro de 2015

Dois cafés e uma "fregona"


Morando na Espanha faz um pouco mais de 4 anos tem pequenos hábitos que eu incorporei de tal forma que faço quase no automático. 

Um deles é o segundo café da manhã. O horário de almoço espanhol é (muito) tarde e para entrar na rotina e não morrer de fome o jeito é dividir o café da manhã em dois. Perto das 11 horas da manhã eu como alguma coisinha. Ultimamente tenho muita vontade de torradinha com geleia. 

O hábito de café da manhã doce é muito estendido pela Europa, aqui rola um pão com manteiga e geleia em qualquer cafeteria. Eu não sou muito de doces mais o cítrico da geleia me conquista.

Antes eu achava muito doce ou um luxo que deveria ser guardado para férias de final de semana especial. Mas porque não aproveitar as coisas boas da vida no dia a dia? E, convenhamos, os espanhóis sabem fazer isso muito bem! Incorporei o habito e o meu dia fica mais feliz. 

Em casa é uma torradinha e na rua tento ver o pedaço de pão antes de pedir. Tem uns lugares que te servem a baguete, ou "barra de pan", quase inteira! O ideal ir com calma, afinal o bom é uma pitada de gostosura.




Agora quando quero algo para o salgado nada é melhor do que um pão quentinho com alho esfregado em cima e muito azeite! Alho, azeite e pão: a tríade perfeita da cozinha espanhola.

Ai, como é fácil espanholizar-se assim!

Difícil é me acostumar com a maldita da fregona! A versão moderna e muito usada aqui foi inventada por um espanhol



Os espanhóis acham que o trambolho é a oitava maravilha moderna do mundo da limpeza, mas, para mim, o treco só espalha a sujeita e deixa tudo molhado! Não sei usar e não me acostumo. Aqui em casa nem tem mais ... Quero meu rodo de volta!



E vocês, quais os pequenos hábitos incorporados e rechaçados?

terça-feira, 30 de junho de 2015

Café com gelo, topa?


O verão chegou e com ele um hábito que os meus madrilenos juram que é refrescante: café com gelo! 

Funciona assim: ao lado do seu café perto normal de todos os dias vem um copo um pouco maior com cubos de gelo. Você adoça ou não o café preto, mexe bem e verte tudo no ou copo. Voilá!! Uma típica maneira de encerrar um almoço ou ideal para a metade da tarde.

Eles juram que é uma delicia! Eu não provei e ainda faço careta quando vejo.



E ai, topa??

domingo, 1 de março de 2015

Ir ao cinema

Paco e eu estamos tentando recuperar o habito de ir ao cinema.
Gostamos muito de ver filmes e gostamos muito da combinação que temos em casa: televisão mega grande, sofá confortável e geladeira para atacar. Por mais que estamos cômodos e de pijamas em casa mas nada supera a emoção ir ao cinema, aquela mágica sala escura.

Mas tenho que confessar que me dá um pouco de preguiça ir ao “cine” aqui porque não é fácil ver filmes em “version original subtitulada”. Muitos filmes são dublados, que significa que todo o som original foi alterado para que os diálogos possam ser ouvidos em espanhol. 


Por um lado (e para mim), isso muda muito a forma de receber e perceber o filme. Gosto de ver filme japonês em japonês mesmo sem entender nada da língua. Por outro lado, os espanhóis têm esse traço cultural de traduzir tudo e todos, sempre. Eles protegem o idioma, acho bacana. Também é mais democrático e acessível ter o som dublado ao idioma do país. 

Lógico que em uma grande cidade como Madrid é possível achar salas de projeção com a programação em som original, achar aquele festival de filmes gregos, além de curtir a mostra brasileira todo ano. E ir ao Cine Doré, também sede da Filmoteca Española, é uma experiência sensacional. 

Mas moro em um bairro residencial a 40 minutos do centro em transporte público. Aqui perto tem apenas cinema no shopping. É o que temos para um programinha no meio da semana e para a última sessão sem ter que fazer grandes planos logísticos. Aquela coisa: “vamos no cinema aproveitando que é o dia do espectador e temos desconto?” significa ver qualquer um dublado em espanhol. Também significa caminhar 10 minutos até o shopping, chegar 5 minutos antes do começo e não preocupar se com o horário do metro na voltar para casa. É bom também!

domingo, 29 de dezembro de 2013

Cidade grande

Eu sei que moro numa cidade grande quando são 14 horas da tarde e já sei que vou chegar atrasada ao compromisso das 16 horas. A escolha é chegar 5 ou 30 minutos mais tarde do horário combinado. 
Sendo filha de inglês e crescida no Brasil a pontualidade sempre foi uma questão dúbia: eu tento loucamente chegar na hora e tem dias que não consigo mesmo por mais que eu me esforce. 
Na Espanha, pontualidade é com 10 minutos de tolerância, depois disso é atraso. E aqui tudo funciona nos horários mais estranho para o resto do mundo. Tipo 16h é depois do almoço; é o começo da tarde, quando o resto do mundo já está pensando na “merenda”, no café da tarde. Tento me enquadrar mas tem dias que não é possível.



Na semana passada, as 14 horas, eu corri e corri para tentar não chegar atrasada na aula das 16h. Na estação de Chamartin, subi os 4 andares da plataforma a saída do metro super rápido, percorri a distância até a estação de trem como se fosse uma prova de atletismo de 200 metros com barreiras, subi as ultimas escadas com a certeza do meu atraso. Respirei fundo tentando ver onde estava meu trem quando vi uma “compi”* de aula super tranquila e sorridente. Ao me aproximei, ela me disse: “Tranquila, que chegamos”. 

Em uma mesma cidade mora a loucura e a calma. 



*compi de “compañera” = colegas de classe.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O sol cura tudo


Minha mãe é aquelas mulheres que acreditam nos poderes curativos do sol.

Casaco de inverno vai para o sol antes e depois da estação mias fria do ano. Da primeira vez para tirar o guardado, da segunda para secar para ser guardado. 

Toalha de banho vai para o sol para matar os bichinhos que podem dar fungos nos pés. Um bom banho termina com o tato de uma toalha quentinha que foi seca ao sol. Tem até cheiro de sol.

As roupas brancas ganham mais brancura depois de um banho de luz solar. Tem que quarar. 

O espaço para secar roupas ocupava um bom pedaço da área de fora da minha casa da infância. Eu gostava de passear entre a roupa de cama úmida pendurada nos varais para sentir o frescor da evaporação.

Na minha pequena e aconchegante casa de Madrid o varal está na janela, quer dizer, pendurado para o lado de fora da janela, como em todas as outras casas da vizinhança. Eu uso bastante, especialmente no verão. Mas sou muito pudica com as roupas exibidas. Roupas intimas não! não queria que os outros vissem o que uso “underwear”, tenho vergonha.

Depois de um longo inverno, minhas calcinhas estavam implorando por um banho de luz. Elas praticamente pularam para o varal. Eu só obedeci, tentando camuflar-las com as toalhas de banho... Assim descaradamente expus minha intimidade na janela, como todos os vizinhos.



Sol cura tudo, até vergonha!




quarta-feira, 31 de julho de 2013

Alimentação natural em lata


Foto

Eu parei de beber refrigerante desde que voltei das férias no Brasil.
Achei que ia ser mais complicado porque por aqui a oferta de sumo natural feito na hora nos bares e restaurante é quase zero. Tem suco de laranja na cafeteria da universidade, custa 1,50 euros, um luxo! Toma-se no café da manhã, como um complemento. Com a comida não! Tenho uma ótima desculpa para tomar mais vinho – ô vida boa!!

Não beber, não comprar, não pedir em bar e restaurante até que é fácil. Difícil é recusar na casa dos outros, nas festas de amigos.
 Eles falam: “você não vai tomar nada??” Respondo: “tomo sim: ÁGUA!” Minha sogra sempre quer me dar “Aquarius”, sempre tenho que dizer que não gosto e que isso não é saudável como ela acredita. Li, para ela, várias vezes o rotulo dos ingredientes e friso a quantidade de sal que tem, além do já sabido de açúcar. Ela que não se dá para vencida, retruca; “foi a médica que receitou ao meu marido” – tomei cheque mate da autoridade suprema neste mundo!

E a cara de ponto de interrogação que o povo faz quando você diz que não tem refrigerante em casa. Se a visita quiser tem água e suco - passei por isso no domingo: ela acabou bebendo cerveja! 

Também parei com o "ice tea", o "nestea" que tem muito açúcar - eca!!! Para a minha perplexidade total, existe “refresco sin burbujas” que os pais dão as crianças. Fique bege desbotada quando vi pela primeira vez!!




Agora quero cortar as farinhas brancas do tipo refinadas. 

Os pães integrais vendidos nos supermercados tem farinha branca (de trigo) refinada na composição. Eu não acho o pão que quero. Como temos máquina de pão em casa, pensei que posso tentar fazer uma vez para ver se gosto de brincar de ser padeira. 

Fui à loja de produtos artesanais ao lado de casa e para minha surpresa era tudo em lata, os pães eram torrados e tem uma enorme seleção de embutidos do campo!! Acho que o mais “natural” que tinha era o ovo caipira. Não tinha nada do tipo DIY – Do It Yourself. 

Eu queria saber se tinha “farinha de amêndoas” que li que era ótima para fazer bolos e tem as boas propriedades dos óleos. Super simpática, a dona da loja me disse que não conhecia e que nem ia procurar agora porque fecha em agosto para férias. E que esta coisas assim em grãos e muito vegetarianas não eram muito comuns em Madrid!

oi??
Vou levar a moça para dar uma volta pelo bairro de Lavapies.
Como é difícil querer ter o controle do que se come!!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Nevou em Madrid

Hoje está caindo uma "aguanieve" que só serve para deixar o chão perigoso de escorregadio.


Ontem nevou em toda Madrid quase boa parte da manhã.
Eu fiquei super contente quando vi a neve caindo da janela do meu quarto.
Peguei minha caneca de café e sentei em frente a janela para contemplar o espetáculo. sorrindo de orelha a orelha. Boba, boba!!


Uns minuto depois ligue para a Mary, minha amiga nigeriana, que imaginei que assim como eu nunca tinha visto neve assim tão de perto.

Mary, você viu que está nevando lá fora??
Não, está?? 
Sim. Vá até a sua janela e veja.
OMG, está nevando de verdade! Que lindo! Que lindo!! É neve, é neve de verdade!! Vou lá fora para tirar umas fotos e mandar ao meu irmão. Ele não vai acreditar! Muito obrigada por me ligar para avisar. Obrigada mesmo!



Achei alguém que ficou mais emocionada que eu!



sábado, 20 de outubro de 2012

Batem na porta, outra vez

Cada vez eu acho mais surreal as pessoas que batem na porta de casa.
Agora foram as moças que são testemunhas de jeová.
Foi a terceira vez!

A primeira vez foi no começo de março. Eu estava com minhas irmãs tomando um café da manhã tardio quando ouvi a tão temida campainha.
Como sempre, abri a janela da cozinha e vi duas mulheres sorridentes.
Elas me perguntaram se eu conhecia alguém na vizinhança que falasse português. 
"Eu falo, porquê?"

Ai, o sorriso delas ficou maior ainda. 
"Nós estamos aqui para te dar uma mensagem importante" e blá, blá, blá ... 
Fiquei uns dois minutos tentando entender onde eu estava ... sério mesmo que esse papo cola aqui?!?!
Sorri mais que elas e disse que estava ocupada e que aquele não era um bom momento.

Uns meses depois, duas mulheres na porta, uma já tinha visto, a outra parecia novata mas a conversa era a mesma. 
Sorri menos e disse que, sim, eu falo português e, não, não tenho interesse nenhum aquela mensagem. Fechei persiana da janela da cozinha.

Dessa última vez, duas mulheres diferentes e a mesma história.
Agora eu já estou mais descolada nas respostas rápidas em espanhol. Rá ...
Não tão amavelmente, disse que sou ateia e que, por favor, parassem de passar em casa.
Elas: "Ah, tá ... você não acredita em Deus, ok!"
E foram embora.

Pela primeira vez, eu não vi duas  mulheres testemunhas de jeová fazendo o sinal de cruz com cara de espanto e horror por eu ser ateia. Elas aceitaram bem melhor que os religiosos com quem já topei no Brasil.

Os espanhóis respeitam mais os ateus do que os que pertencem a outras religiões. Na mesma medida que no Brasil se aceitam melhor ser/ter outras ou várias religiosidades do que não acreditam em nenhuma entidade superior.

Quer ver um espanhol fazer cara de ponto de interrogação?
Fale que você é "cristiano", mas não é católico, que é luterano, calvinista ou batista.
Eles vão ficar cinco minutos tentando lembrar que ser "cristiano" não é sinônimo de ser católico! 


Com esse post eu juro que vou tentar parar de contar histórias de quem bate na minha porta!