sábado, 3 de agosto de 2013

Tarado

Paco tem um amigo tarado. Inteligente, sociável e muito tarado. Para ele tudo se resolveria com sexo grupal, palavras de sua “pareja” – companheira de vida. 

Da última vez, ele insinuou que deveríamos trocar de parceiro e lançou um olhar “lascivo” para mim, mordendo os lábios. Falou somente para mim e “em tom de brincadeira”. Eu não respondi nada, fiquei em silêncio pelo outros 2 quarteirões que ele andou ao meu lado. 

Ele faz “brincadeiras em tons sexuais”. 

Ao Paco, ele diz para avisá-lo quando Fulana estará por ali porque gosta de vê-la caminhar com os peitos empinados. Paco responde que nunca percebeu como ela rebola porque está prestando atenção no que a mulher tem para falar. Também ele chamou de “escravas sexuais” mulheres que trabalham com o Paco, que olhou de volta com cara de “mano, você é louco!!??” e não estendeu o assunto porque eles estavam no ambiente de trabalho. 

Das duas vezes eu estava ao lado do Paco. Fiquei bem feliz com a atitude do meu companheiro que não deu margem as “bromas” – brincadeiras – da pessoa. Mas Paco também não peitou o cara de frente como seria a reação normal dele – quando Paco não concorda com alguma coisa todos ficam sabendo, bem rapidinho. 

Assim como eu, Paco sabe que tratar como um objeto as mulheres ao seu redor não é brincadeira, nem uma piada. É machismo ou micromachismo como estão chamando, é que eu ainda não entendi muito bem. 

Mas o cara se sente tão confortável na pele de “macho alfa” – como ele mesmo se chama – que não nenhum problema em dizer que eu estou bonita e que o verão me faz bem. Ele diz estas coisas em um tom de voz baixinho: gemendo. Faz isso quando estamos sozinhos: na cozinha da minha casa passando sua mão no meu braço enquanto eu estou entre a parede e a geladeira que abri para pegar algo de beber para ele. 

Ele não é burro: sabe que só pode falar estas coisas quando não há outras pessoas por perto, principalmente o companheiro desta mulher. Ele sabe que ele não deve tratar assim uma mulher, que ele não pode ver uma mulher como um objeto de sua satisfação sexual. Mas ele faz porque pode, porque a sociedade diz que tudo bem ele não ter respeito pela mulher, desde que honre (hipocritamente) o companheiro dela. 

Tenho verdadeiro asco da criatura – e ainda não consegui peita-lo de frente como faço quando não concordo com alguma coisa, todos sabem rapidinho. Ainda não tive coragem de contar ao Paco que o amigo dele me “elogia” – porque suas palavras não são elogios, são taras de um homem machista.

·         entre aspas estão palavras que todos usam para disfarçar o machismo.




NOVIDADES:

Uma noite de verão, enche me de coragem e despejei toda minha indignação no Paco. Falei, falei e falei ... Paco: porque você me diz isso agora? 
Eu disse que não sabia como abordar isso que não sabia como contar situações que podem ser “pequenas” mas que me incomodam muito. Paco: mas ele é inofensivo. Eu: inofensivo é o caralho! Isso é machismo e você está sendo machista falando isso. Paco ficou quieto, me abraçou tentando me consolar. Para terminar eu disse: estou te avisando que da próxima vez que o tarado falar besteira eu vou responder; não vai ser bonito e talvez seja em português. Oremos!



4 comentários:

  1. Oi! Cheguei ao seu blog através do Brazucas no Mundo e gostei muito do que li.
    Quanto ao Tarado, tenho certeza que vc encontrará modo e momento para afasta-lo. Eu também saio de mim ao me deparar com machismo. Boa sorte!

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    1. Oi Cristina,
      da próxima vez o Tarado não me escapa. Acho que fazer barraco para estes casos mais que justificado. Obrigada pela força!
      bjo
      Sandra

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  2. que cara nojento!!!
    da proxima vez vomita nele por mim!

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    1. Contei ao Paco.
      Sabe que o tipo vai trabalhar para outro lugar. Agora terei encontros sociais onde me sinto mais a vontade pra "vomitar" nele.
      ;)
      bjo

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