segunda-feira, 15 de julho de 2013

Duas palavras que eu implico: sorte e inveja

Sorte: minha mãe diz que eu tenho sorte porque meu companheiro cozinha para mim (é para nós mas ... deixa) e me traz café todos os dias na cama. Eu não tenho sorte, eu procurei um companheiro assim para chamar de meu!

Várias pessoas dizem que tenho sorte por morar em Madrid. É tenho, eu gosto bastante – mesmo. Mas eu gostava muito de morar em São Carlos, minha cidade natal que escolhi para voltar a morar depois peregrinar por algumas outras. Em Madrid minha família é o Paco. Pô, tenho que falar com as minhas irmãs por skype levando em conta um fuso horário de 5 horas.

A Lourdes, empregada de casa durante anos, uma vez, me disse que ela poderia morar mais próximo no centro, seria mais fácil, mas preferia ficar onde estava porque estaria perto de suas irmãs. E ali está morando, ao lado que quem ela quer e ama.

E ai, quem tem mais sorte de morar no melhor lugar do mundo?

Sorte é um dia de sol no inverno chuvoso. Sorte foi ver a Alaska na rua um dia qualquer. É ganhar na loteria porque se fosse matemático o Jorge já tinha acertado faz muito tempo.

Já a inveja é uma merda.
Esta nova moda de escrever “inveja branca” é uma porcaria maior ainda. Para piorar tem umas pessoas que falavam “que invejinha branca que você está na praia e eu no escritório”. Pô, num sabe ser feliz pelos outros!!
Tentar transformar um sentimento negativo em algo positivo colocando a palavra “branco/a” indica a profunda desigualdade racial que vivemos. A forma como falamos é como vivemos. A inveja não vai ser mais bonita, nem mais limpa, se colocarmos branco depois. A inveja branca mostra o quanto se pode ser racista ainda hoje.

Na Espanha é “envidia sana” que também é uma merda. Aqui ela é sarada e faz esporte! Eu tenho medo dela, vai que ela me quebra em pedaços em uma aula de Kickboxing do ginásio.

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